Star Wars: The Force Unleashed – Episódio II

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Há nem tanto tempo, ou seja ontem, aqui mesmo neste site, falei um pouco sobre o Force Unleashed no geral. Vamos agora a uma análise mais específica e aprofundada de cada um deles. Se você perdeu, Clique aqui para ler. Que a força e o Vento Preto estejam com você!

STAR WARS CAÇULA: O FORCE UNLEASHED DE DS

É óbvio que ninguém que possa escolher entre DS, Wii e PS3 vai escolher apenas o do DS, então acredito que não preciso me estender muito aqui. Ele não tem nenhuma das fases extras das versões maiores e gráficos e sons são obviamente os mais fracos de todos.

Para jogar, você usa o direcional e todos os ataques são feitos apertando “botões” que ficam desenhados na touch-screen. Não é um sistema ruim, mas não dá aquela sensação de que você é um jedi tremendão e é um pouco bagunçado, especialmente nos combos, que envolvem arrastar a stylus de um botão para o outro. No geral, uma versão que só deve ser jogada por quem gosta muito de Star Wars e não tem como ter as versões maiores e melhores.

BIG BROTHER JEDI: O FORCE UNLEASHED DE PS3

Antes de chegar meu Force Unleashed de PS3, eu pude jogar umas duas fases da versão do Wii (da qual falaremos a seguir). Assim, quando coloquei meu Blu-Ray no negão que o Homero acha sexy, fiquei imediatamente impressionado pela estupenda e absurda qualidade da introdução. Cacilda da Silva! O troço parece filme! As cenas no espaço e os Star Destroyers são simplesmente perfeitos. Já os personagens seguem um design foto-realista, mas dá para perceber que não é filmado. Ainda assim, é bom pra dedéu e é possivelmente a maior qualidade gráfica de cutscenes já vista nos videogames.

Quando a primeira fase começa, a boa impressão se mantém. Neste estágio, você joga com o tremendão em pessoa, Darth Vader, em uma invasão que o império está fazendo em Kashyyyk, o planeta dos wookies. E é o máximo. Lembro que, em determinado momento, um wookie me atacou por trás, eu virei e usei force push e ele saiu voando por quilômetros. Até pensei: “Coitado. Você é um wookie, eu sou o Darth Vader! Achou mesmo que teria alguma chance?”. O Darth Vader é tão poderoso e os wookies tão indefesos que você vai se sentir o cara mais pintudo do mundo!

O espetáculo gráfico também continua. Ultimamente, os jogos estão cada vez mais cinzas/marrons/azuis. Eu sinto falta de cores. Acredito que, de todos os jogos de PS3 que eu tenho até o momento, todos são praticamente monocromáticos (e isso inclui o cor de burro quando foge Metal Gear 4). Por causa disso, jogar em uma fase com céu claro, plantas em verde brilhante e tudo mais foi uma delícia. Cores, cara! Que saudades! =)

Ao fundo, pode-se ver walkers e demais robozões do império detonando a plebe e causando um monte de explosões. Para completar, a física é deveras especial. Use a força em uma das pontes de madeira e veja como ela treme. O mesmo vale para as plantinhas que estão no chão e até para as árvores. Eu não ficava tão impressionado com um jogo desde que experimentei Gears of War.

Infelizmente, como tem acontecido em quase todos os games ultimamente, a primeira fase é a melhor e mais impressionante do jogo e, sabe-se lá por qual motivo, você pode selecionar qualquer estágio depois que chegar no final, menos essa. Depois disso, a física detonante fica completamente normal e até mesmo as cores dão lugar para os tons sombrios e escuros que infestam todos os games não-infantis atuais. Quando cheguei a Felucia, achei que as cores de Kashyyyk voltariam, mas isso durou muito pouco, pois logo entrei numa caverna e o resto da fase foi azul o tempo todo.

Outra coisa que me incomodou muito na versão de PS3 foi o excesso de loadings. Poxa, ele instala mais de 2 Gb no HD e mesmo assim você tem que esperar tempos enormes toda vez que morre ou vai carregar uma nova fase. Mas o pior mesmo é que até para abrir o menu de opções ou de upgrades você precisa esperar alguns segundos. E isso não faz sentido nenhum e tira muito da adrenalina de um combate emocionante. Lendo pode não parecer tão chato, mas você vai ver que não vai fazer a maioria dos upgrades imediatamente para não parar o jogo. E tenho certeza que isso poderia ser eliminado com um pouco mais de cuidado na programação. Afinal, nenhum outro jogo tem isso…

O sistema de upgrades também não é muito agradável. Existem três caminhos de melhora: combos, poderes e talentos (tipo recuperar a força mais rápido). Você ganha um ponto de cada um desses cada vez que sobe de nível e eventualmente pode achar um deles escondido nas fases, mas a maior parte dos upgrades custa quatro, cinco, às vezes até seis pontos. E, até você subir quatro níveis, você passa várias fases. É muito tempo sem upgrade nenhum. E, terminando o jogo duas vezes, eu ainda não consegui maximizar meu personagem.

São defeitos pequenos que não estragam, mas o impedem de ser a maravilha que poderia ser. O bom é que as qualidades ganham dos defeitos. O combate é fenomenal, com vários combos que são fáceis de decorar. Por exemplo, você tem o botão do sabre, o botão do force push e o do force lightning. Se você apertar o do sabre e depois o de lightning, Starkiller vai eletrocutar o sabre deixando-o ainda mais poderoso. O mesmo vale se você alternar com o force push. Achei uma forma bem criativa e intuitiva de variar o combate e funciona muito bem.

Quase todas as resenhas reclamaram do target system e realmente ele poderia melhorar um tanto. Porém, isso me incomodou menos do que o excesso de loadings, por exemplo. O único momento em que isso realmente se tornou broxante é quando, lá no final do jogo, você tem que destruir sozinho um Star Destroyer. Essa parte, que deveria ser digna do Vento Preto, ficou chata graças à necessidade de segurar com o force grip um monte de Tie Fighters que se recusam a serem selecionados, apesar de você estar olhando para eles.

Além dos gráficos fenomenais, Force Unleashed de PS3 é o primeiro jogo que eu tenho oportunidade de jogar que traz som em DTS 5.1. Isso tinha me deixado um bocado animado, mas infelizmente trouxe um lado negro. A mixagem ficou ruim, graças ao som do sabre extremamente potente. É tão potente que seu subwoofer vai mostrar a qualidade fazendo seu quarto tremer a cada golpe dado.

Todo esse poder pode parecer legal, mas o fato é que abafa todo o resto, você não vai ouvir as vozes e a música. E Star Wars sem música não é Star Wars. O menu de opções permite mexer na mixagem, mas eu não consegui entrar num acordo com ele. Ou o sabre ficava alto demais ou eu abaixava os efeitos animalmente e ficava sem ouvir as explosões e os demais efeitos sonoros. Seria bom se tivesse uma mixagem específica para o som do sabre. Talvez se você jogar em Dolby Digital, no Xbox 3RL ou no som da TV, nem perceba isso, mas aqui incomodou bastante. A solução foi diminuir especificamente o som do meu subwoofer, mas preferia não ter que fazer isso toda vez que fosse jogar.

A última qualidade que eu gostaria de falar é a dificuldade que, a meu ver, está num nível ideal. Existem várias opções, do muito fácil ao muito difícil, ou seja, qualquer um vai encontrar uma delas de acordo com suas habilidades. E, se você se arrepender da escolha, pode trocar a qualquer momento no menu de opções, como deveria ser em qualquer jogo.

UUUÓÓÓNNN: O FORCE UNLEASHED DE WII

Comecemos pelos defeitos. Os gráficos da versão de Wii são terríveis, ruins mesmo. Pelo que li por aí, são iguais aos de PS2, mas não espere pelo nível de um God of War. São equivalentes aos gráficos ruins de um PS2. O som também é obviamente mais limitado, porém como é um Dolby Pro Logic, não tem o problema do DTS do PS3 e você consegue ouvir tudo direitinho.

As cutscenes são tosquíssimas e não usam nem a mesma dublagem da versão de PS3 (repare como o Darth Vader da Sony é mais semelhante ao do filme e, principalmente, como o Starkiller é bem mais arrogante no console afrodescendente). O texto é basicamente o mesmo, mas as animações são completamente diferentes, como se fosse uma interpretação diferente para a mesma história. A versão de Wii tem mais fases que a de PS3 e, com isso, mais cutscenes e mais chefes. Ainda assim, a história principal é melhor desenvolvida no PS3. No Wii, por exemplo, toda a subtrama do robô Proxy ser programado para matar Starkiller é deixada completamente de lado e, com isso, perde muito do humor do seu big brother.

Diferenças na narrativa à parte, não dá para entender porque a qualidade das cutscenes não é a mesma. Afinal, trata-se de um filme. E o Wii tem capacidade de reproduzir filmes em DVD (como provam alguns homebrews espalhados pela internet). O lado bom é que, dessa vez, a Nintendo não conseguiu convencer a Lucasarts a contar todas as histórias daquela forma irritante que só ela acha apropriado: com imagens estáticas e textos, ao invés de animações e vozes (embora no DS ainda seja exatamente assim).

O grande problema da versão de Wii é que ele só salva entre as fases. As fases têm checkpoints e o jogo é salvo neles. Porém, apenas o status do personagem (upgrades e tal) são salvos, não a sua localização. Caso queira parar de jogar no meio de uma fase, terá que voltar ao início dela. Outra coisa chata é que, ao contrário da versão de PS3, ele não permite que você selecione para jogar novamente as fases pelas quais já passou. O Wii só deixa você olhar para o futuro e, depois que acabar o jogo, ele pergunta se você quer começar de novo do início, mantendo os upgrades.

Falamos dos defeitos, então vamos às qualidades: controles, mano! Santa Madre de Compostela, como é divertido jogar esta versão do Wii. Na sua mão esquerda, o nunchuk, ficam todos os poderes da força (e, obviamente, o movimento). Na direita, o wii-mote, fica o controle do sabre de luz, pulos e afins. E isso funciona muito bem. Duvido que você não se divirta quando usar o force push empurrando o nunchuk para a frente ou quando brandir o wii-mote e ouvir o tradicional Uóóónnn saindo do controlinho.

Ok, o negócio não é tão exato quanto gostaríamos. Para usar o sabre, você fica basicamente chacoalhando o wii-mote, mas ainda assim é divertido. Minha única reclamação do lado direito é que, após o primeiro golpe de uma seqüência, o personagem fica alguns segundos parado e vulnerável. Existem golpes rápidos e eu não saquei a lógica desses golpes lentos, mas incomoda bastante, principalmente quando você está lutando contra um Rancor ou outro bicho grandão e, ao invés de atacar várias vezes, Starkiller fica parado fazendo pose até o monstrengo pisoteá-lo. Do lado esquerdo, qualquer pequeno movimento que você faça ativa o force push, o que tira um pouco da imersão do jogo. Nada grave, já que a força renova rápido, mas seria melhor se fosse menos sensível.

Além disso, o Wii tem um modo de jogo exclusivo, onde você pode escolher vários jedis (como Qui-Gon Jinn, Luke e Anakin Skywalker, Darth Vader, Darth Maul e muitos outros) para lutar contra um amigo. É divertido, mas não é exatamente um Street Fighter com jedis, como você já deve imaginar.

O Wii tem uma imensa vantagem sobre o PS3: loadings rápidos e upgrades freqüentes, além de uma gama muito maior de golpes, poderes da força e usos para eles. Por exemplo, por que diabos o Starkiller de PS3 não tem o force choke, um dos poderes mais legais dos sith? No Wii, além de o poder existir, ainda é extremamente divertido acioná-lo (use force grip e vire o nunchuk de ponta-cabeça).

Uma coisa que pode ser boa para uns e ruim para outros é a dificuldade, ou melhor, a facilidade desta versão. Ela utiliza aquele mesmo sistema do Bioshock, ou seja, quando você morre, volta para o checkpoint, mas seus inimigos não ressuscitam nem recuperam energia. Ou seja, qualquer pessoa consegue terminar este jogo com um pouco de insistência. Por outro lado, se você for hardcore from Hell, vai acabar com uma mão nas costas (eu recomendo fazer isso com a mão do sabre, pois usar a força é mais legal). Particularmente, isso não me incomoda, mas acharia uma decisão mais acertada se tivessem dado a opção de escolha para o jogador, como faz o próprio Bioshock.

No final das contas, jogar a versão de Wii deste jogo é tão empolgante e divertido que nos faz pensar a miséria misericordiosa que o pequerrucho da Nintendo faria em todo o mercado de games se tivesse a qualidade técnica dos seus concorrentes. O Wii não seria simplesmente o mais vendido da geração, mas iria vender tanto que obrigaria a Sony e a Microsoft a ajoelharem e implorarem por perdão. Sério, não ia ter para ninguém. É uma pena que a Nintendo tenha optado por fazer um videogame mais fraco nesse quesito.

PS3 vs WII

A versão de Wii tem várias fases a mais, mas a maior parte delas acontece no mesmo cenário, o templo jedi destruído em Coruscant. Já a de PS3 também tem uma fase exclusiva, onde o personagem faz miséria com vários stormtroopers para salvar a piloto Juno Eclipse. A fase de PS3 é mais legal que as de Coruscant, mas os chefes exclusivos de Wii também valem a jogada.

É difícil indicar uma das duas sobre a outra, pois elas são bem diferentes e eu tive ótimos momentos com ambas. Até mesmo o design e o caminho percorridos nas fases é diferente, pois a do Wii é muito mais focada em combate. A de PS3 sem dúvida é mais impressionante, mas não dá para negar que a de Wii é bem mais divertida e passa muito melhor aquela sensação de “eu sou um sith tremendão, tenha medo de mim, bwa-hahaha!”.

Depois de jogar os dois até o final, senti que a versão de Wii foi feita com mais carinho. Tem mais golpes, tem mais fases, mais combos. Um grande exemplo disso é quando seu personagem entra em um saber lock com outro jedi. No Wii você precisa entortar o wii-mote ou o nunchuk de acordo com o prompt da tela e dar uma “cortada”. Divertido, diferente e criativo, certo? Enquanto isso, no PS3, os designers optaram por obrigar o jogador a ficar apertando o quadrado na maior velocidade possível. Sério, tem alguém que realmente gosta de fazer esse tipo de coisa?

Enquanto o PS3 demonstra grande criatividade estética, o Wii demonstrou grande criatividade na jogabilidade (tudo bem que o PS3 não tem todas as possibilidades de controle do Wii, mas a ausência do force choke é imperdoável). E, no final das contas, a jogabilidade é o que mais interessa num game, pois é seu contato direto com ele.

Se uma única versão unisse os gráficos de PS3 com a jogabilidade, loadings e upgrades do Wii, teríamos aqui uma das melhores experiências eletrônicas da história. Infelizmente, você tem que escolher um dos dois. Como você já deve ter percebido, eu, pessoa física, gostei mais da versão de Wii. De qualquer forma, não dá para errar. Se você é fã de Star Wars, The Force Unleashed é diversão garantida em qualquer plataforma. Até no DS.

CURIOSIDADE:

– Annikin Starkiller era uma das possibilidades de nomes que George Lucas tinha para Luke Skywalker. Posteriormente, no universo expandido, Luke arranjou um padawan exatamente com esse nome.

– Na versão de PS3, durante sua segunda visita a Kashyyyk, é possível ver em uma parede o Jar Jar Binks congelado em carbonyte. Achei bem legal usarem um detalhe de cenário para mostrar o destino final de um personagem do qual quase ninguém gosta.

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REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
star-wars-the-force-unleashed-episodio-iiAno: 2008<br> Gênero: Beat'em Up<br> Plataforma: PS2, PS3, PSP, DS, Wii e Xbox 360.<br> Fabricante: Krome<br> Versao: PS3, Wii e DS.<br> Distribuidor: Lucasarts<br>